17 de abril de 2011

Eu não sou Miss, mas quero a paz mundial!

Por Natália Noronha
@ntnoronha
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Ódio, rancor, amargura, raiva: poderíamos construir uma longa e infindável lista chamada “coisas que sinto pelo Wellington”. Esta criatura (se lhe é digna uma definição), após o dia 7 de Abril de 2011, nos sacudiu para uma realidade escondida e não vista por nós: o mundo está podre. É... Podre. Eu já sabia que vivíamos sob tanta perversidade, mas eu estava atrasada... Há muito mais. O nível de putrefação do mundo já estava bem avançado... A gente é que não via. E, infelizmente e finalmente, vimos. Vimos sangue, vimos morte. Vimos um homem entrelaçado em suas angústias, usadas para tirar a vida de tantas crianças. Um ser louco, doentio, que nos provocou a pergunta “por que ele fez isso?”. Pergunta que, a propósito, ainda anda perdida procurando Dona Resposta.

Se Wellington queria a fama, ele conseguiu, só que com ela levou 12 pequenas vidas (provavelmente os 13 não “descansarão” no mesmo lugar, sim?). Wellington conseguiu semear medo, também. Todos os dias, abrir o portão de casa já é um sacrifício, um desafio; andar numa rua tranquilamente, mesmo estando ela iluminada e cheia de gente, é quase impossível. A maldade está tão dissolvida que o conhecido se torna estranho, e a escola, teoricamente lugar seguro e abrigado, se torna palco de tragédia. Os pensamentos mudaram... A mãe, ao deixar seu filho no colégio, não se pergunta mais sobre o que comprar para o almoço de mais tarde, mas se alguém vai entrar na escola e sair jogando bala pra tudo que é lado.

De vez em quando somos alertados com propagandas que persistem na teoria “viva como se hoje fosse o último dia”. Mas esses publicitários estão certos mesmo, sabia? Somos pegos de surpresa. Quantas daquelas crianças mortas não planejaram brincar com os amigos depois da aula? Quantas não prometeram almoçar na casa da vovó? Quantas não planejaram apenas viver? O bicho Wellington parou esses planos, parou esses sonhos, parou essas vidas.

Fala sério, isso tudo já cansou... Vou perdendo a vontade de assistir programas jornalísticos porque sei que 70% de suas programações refere-se a um assalto ali, outro assassinato acolá, e mais um maremotozinho aqui... Não dá nem vontade de viver num mundo assim. Muitos pensam no desejo de “paz mundial” como algo cômico, que candidatas em concursos de beleza apresentam nas suas tentativas de um discurso bonito e apresentável. Esse desejo, contudo, deixa de ser engraçado e se torna real; mais que um anseio, a paz mundial é um grito. Que arranhe minha garganta e me deixe sem voz, mas eu grito: eu quero paz. À vontade, questionem se eu escondo influências hippies... Mas eu quero PAZ e AMOR.